O fim da União Ibérica e a conclusão da Restauração de Portugal em 1640 permitiram que Portugal se concentrasse nos seus próprios objetivos, como citado no início desta apresentação. Querendo recuperar os territórios perdidos para a Holanda durante o período ibérico e reatar os laços diplomáticos com o governo holandês, D. João IV se encarrega de escolher pessoalmente um embaixador para tratar desses assuntos. No entanto, a conjuntura política entre os dois países não era a mesma de 1580, e este projeto sofre dificuldades em três aspectos principais:

  1. O despreparo português quanto à diplomacia constituía o primeiro empecilho. Durante o período da União Ibérica o papel das relações diplomáticas ficava a cargo da Espanha, o que levou, após sessenta anos, a uma ausência de agentes internacionais portugueses experientes e, dessa forma, a solução foi contratar embaixadores na alta aristocracia.
  2. A Companhia das Índias Ocidentais representou outro grande desafio às intenções portuguesas: um acordo de paz com Portugal ia contra os interesses da Companhia em expandir suas possessões no Brasil e no litoral oeste africano. E, assim, os grandes comerciantes e aristocratas da sociedade batava, grandes acionistas da Companhia, eram contrários aos acordos. Portanto, é importante compreender o risco que essa pretensão portuguesa significava para seu domínio, assim como a antipatia dos governantes holandeses e a influência da WIC nos assuntos internacionais.
  3. Por último, também havia entre os portugueses um sentimento revanchista deixado pelas conquistas flamengas, desestabilizando a corte portuguesa e criando um partido para os “valentões de Portugal”1, como foram alcunhados pelo Padre Antônio Vieira, e que atrapalhavam ainda mais a diplomacia lusitana em sua tentativa de chegar a um acordo com a Holanda.
1. Cf. MELLO, Evaldo Cabral de. O negócio do Brasil : Portugal, os Países Baixos e o Nordeste, 1641-1669. 3.ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003. p. 335.

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