Ao longo dos próximos tópicos, trataremos das relações diplomáticas e econômicas estabelecidas entre Holandeses e Portugueses durante o século XVII que levaram os holandeses a controlar as colônias americanas e africanas do Atlântico Sul. Resta saber os motivos que levaram os diretores da Companhia das Índias Ocidentais a buscar o domínio dos postos de tráfico de escravos na África, mesmo tendo já obtido o controle sobre as zonas produtoras de açúcar no nordeste brasileiro.

Nesse sentido, a reflexão que existe nos dizeres de Vieira pode servir de ponto de partida. A força que movia os engenhos de açúcar do litoral nordestino era sem dúvida a mão-de-obra escrava negra e, dessa forma, o rápido desenvolvimento da produção açucareira estava intimamente ligado ao crescimento da demanda por escravos. Como os principais postos de comércio de tráfico estavam sob o domínio dos comerciantes portugueses, o suprimento de mão-de-obra no volume necessário tornava-se inviável, pois acabava sendo inevitável que a Companhia dependesse das disposições dos lusitanos. Diante disso, os holandeses se vêem tentados a conquistar os territórios portugueses na África, o que, como foi visto, era uma proposta discutida desde a criação da WIC. O fato de a “conquista da África”, por assim dizer, estar sempre em pauta nas reuniões da companhia evidencia que seus diretores sabiam que era muito importante controlar a principal via de comércio da época, o Atlântico, e as atividades relacionadas a essa via – a produção de açúcar e o tráfico de escravos.

1.Padre Antônio Vieira, Carta ao Marquês de Niza, 12 de agosto de 1648.

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